Há uns dias atrás fui assistir a uma peça brilhante no cineteatro de Sesimbra. A peça é baseada nuns livros para crianças chamados “dona Redonda”, E é da responsabilidade da companhia de Teatro da Senhora São José Lapa. É uma peça para crianças mas, talvez por ser verdade o que se diz de que existe uma criança dentro de cada um de nós, também diverte graúdos.
A peça, intitulada “Dona redonda II” como o II no título indica, é o seguimento de uma outra que aconteceu no mesmo sítio, à mesma hora, talvez no mesmo dia, mas no ano anterior. Eu, para mal dos meus pecados, não tive oportunidade de ver a primeira, falha imperdoável. Por isso não percebi rigorosamente nada do que se passou em palco durante aqueles 90 minutos de peça. Mas foi brutal, como dizia o grande Toni ao não mais pequeno Zeze!
Da peça não há muito a salientar, podia fazer apreciações ao desempenho individual de cada actor, pois sou um entendido… (não sou), mas prefiro só referir a versatilidade da espantosa actriz que faz o papel de Dona Catapulta. O trabalho daquela senhora é de louvar, porque em dois dias, consegue fazer, na mesma personagem, dois papeis completamente diferentes! E passo a explicar.
No primeiro dia, Dona Catapulta, é uma doce proprietária de uma casa de chá, que acolhe sempre com boa disposição os seus clientes. “Alegria! Alegria!” é o lema desta líder da sua bem frequentada casa de pastos. Na voz de Dona Catapulta, voz límpida e suave, não se consegue encontrar um pingo de hostilidade. Até nas acções que requerem mais firmeza e dureza de carácter, ela consegue uma graciosidade incomparável: “Psiu Psiu Psiu Psiu”.
No segundo dia, a personagem é a mesma, mas os seus traços do dia anterior, alteram-se quase que por magia. No segundo dia, Dona Catapulta é dona de uma taberna. Que, ao invés de fazer habilidosas rodas, dá, passo sim passo… sim, valentes trambolhões. Agora já não se manda calar os clientes de forma subtil fazendo uso de sons não evasivos, mas sim fazendo uso da palavra, na sua ascensão mais… taberneira vá, dizendo: “Tudo ca (soluço) ado já! Vamos lá a saber… Quantos é que são!”. Só visto! Esta pequena actriz, deixa o Vasco Santana sentado a ver as marchas passar.
E a maneira como se dirige aos outros actores durante a peça é algo digno de ser cantado… na voz do Toy. No primeiro dia: “Dona Redonda! Fique mais um pouco, não que comer mais uma fatia de tarte?”. E agora vejam o segundo dia, brutal: “OH SUA BALOFA… SIM TU Ó GOOORDA. Pára de comer tarte ó mula! Bebe é um copo de tinto mulhe (soluço) r. O quê? Nah nah, o putinov não tocas tu ó gorda! Este é para mim!” Só uma palavra… espectacular.
Este ano já não vão a tempo de ver a peça, mas parece que para o ano há mais. E com um bocado de sorte temos novamente a nossa actriz prodígio ressaca… inspirada no segundo dia.
A próxima peça que esta grande artista vai realizar irá ser no coliseu, aquele ao lado da ginginha, e vai-se chamar “o que é que os russos que bebem vodka têm que eu não tenho”. Não percam. Abraço do vosso sempre amigo e companheiro.
pmp
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