sexta-feira, 24 de abril de 2009

Eu morri há dois anos!

Nunca cheguei a contar nada a ninguém sobre o que registei fotograficamente há dois anos em Montemor-o-Novo. Estava demasiado tenso e não me sentia a vontade de ter uma conversa séria sem me virem os tremores frios, as lágrimas aos olhos, o meu campo de visão a fechar-se.
Após dois anos e muita terapia com o Dr. Chagas ,que é um grande psiquiatra no bloco de psiquiatria do Egas Moniz em Lisboa, após ter gasto rios e rios de dinheiro em consultas com o professor Karamba e Bambu venho por este meio blogosférico falar sobre os meus registos naquela manhã de verão no Alentejo.

Foi nas muralhas das ruínas que eu procurava a foto perfeita para uma gloriosa foto-reportagem sobre aquela terra quando me deparo com dois sujeitos vindos de longe.

Como qualquer outra pessoa normal, simplesmente ignorei a presença dos dois estrangeiros que se encontravam muito abaixo dessa grade muralha a qual eu estava no topo.
A procura do ângulo perfeito para uma boa fotografia virei-me para trás para ter a certeza que não estava em perigo de queda quando vejo o momento que me deixou perturbado durante este tempo todo.
Fiquei indignado. A perturbação foi uma explosão no meu consciente e raciocínio mental. Como fotografo consegui apenas naqueles três ou quatro minutos carregar três vezes no obturador.
Todo eu tremia. Suores frios e quentes inundaram naquele momento o meu corpo que parecia ser tão robusto era apenas uma pequena e fragil flor numa manhã de Outono

Quando dei por mim, pensei que o pesadelo já tinha acabado mas pareceu estar tudo a acontecer novamente como um velho gira-discos. Estava na cozinha do diabo que não me largava e que não me deixava de tirar os meus inocentes olhos daquela miséria humana. Olhos esses agora conspurcados com o pegado. Aquele pequeno espaço de tempo pareceu-me horas. Meses. Anos. Séculos. Era pior que essas palavras que definem o espaço do tempo. Era a eternidade.



A minha ausência do mundo real acabou no momento em que o demónio subiu o seu vestuário e deixou a utopia daquele local. Ficando eu com o meu mundo em ruínas e com todos os meus ideais desfeitos em pequenas partículas de pó e cinzas.




Dedico este Post ao Dr. Chagas

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