Hoje lembrei-me de uma coisa gira que vou passar a contar: tinha o meu irmão uns numerosos aninhos a menos, não sei precisar a idade certa, quando descobriram os meus pais que ele sofria de prisão de ventre. No fundo ia poucas vezes à casa de banho, sem ser para mijar, lavar os dentes as mãos ou tomar banho. Ou seja tinha dificuldade em sentar-se na sanita sem ser para mijar. Então o médico disse que achava mal, não podia ser, uma coisa assim um rapaz tão novo, não pode, não pode, insistia ele. Foi quando os meus pais arranjaram um incentivo. Para motivar o meu irmão a forçar o ventre. Que era o seguinte:
Pôs-se um papel no armário da casa de banho com quadradinhos onde cabiam cruzinhas feitas a lápis ou a caneta. Sempre que o meu irmão fosse à casa de banho para se sentar na sanita, e depois puxa-se o autoclismo para enviar qualquer objecto para destino incógnito, tinha o direito de fazer uma cruzinha no tal papel. Quando chegasse a um certo número de cruzes, que correspondia, caso não tivesse havido enganos, a um mesmo número de misseis enviados para o tal sítio, ganhava um prémio. Normalmente era um brinquedo qualquer da Toys for us ou se a semana tivesse sido bastante produtiva (era um papel por semana) recebia um jogo para a playstation.
Ora eu, irmão mais velho, que como qualquer irmão mais velho naquelas idades não percebe porque é que há-de ser tratado de maneira diferente do irmão mais novo, pimba, reclamei logo o meu direito a fazer cruzinhas também. Apresentei as minhas queixas de discriminação e lá fui aceite. Então o que antes era apenas um sistema de contagem, um mero papel informativo, passou a ser um torneiro sem igual. Porque quantas mais cruzes mais prémios, e nós sabiamos isso, e entrou em vigor uma nova regra: no final da semana quem tivesse mais cruzes... ganhava um prémio extra. Valia tudo: laxante, chamuças com leite ao pequeno almoço, cigarros, tudo.
E pronto, claro que eu ganhava sempre porque eu não tinha nenhuma dificuldade em ir à casa de banho. Na verdade eu tenho um intestino de um pato. Para quem tem filhos e lê isto (...) não experimente isso com os seus. Porque incentivar os miudos a fazer merda... não é boa ideia. A sério. E não sei bem o que dizer mais... não tenho mais nada para dizer. Se me lembrar de mais alguma coisa telefono. Abraços.
pmp
2 comentários:
a ser inventado um dos melhores textos de sempre
não me surpreende nada esta historia.
Estamos a falar dos Palmas.
Se tivessem no EUA havia uma Sitcom com esse nome inspirado neles
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